O jornalismo em 2020: de onde vai vir o dinheiro e outras coisas

jornalismo em 2020

Os leitores vão sustentar o jornalismo em 2020. Pelo menos é esta a aposta de publishers entrevistados em todo o mundo para o estudo Journalism, Media, and Technology Trends and Predictions, relatório publicado anualmente pelo Reuters Institute for the Study of Journalism, da Universidade de Cambridge, na Inglaterra.

Para 50% dos entrevistados, a receita vinda dos leitores (assinaturas, doações, micropagamentos) vai ser a fonte de renda mais importante para o crescimento de seu veículo jornalístico. Alguns apostam na combinação de receita de leitores e publicidade (35%), enquanto uma minoria está confiante somente na publicidade (14%).

A percepção vem, provavelmente, de resultados expressivos obtidos por veículos de maneira consistente em anos recentes. Em 2019, lembra o relatório, empresas grandes e pequenas conseguiram atingir marcos importantes.

Caso do NYT, de um lado, que alcançou 4,9 milhões de assinantes, praticamente metade de sua meta de 10 milhões, e do Zetland, da Dinamarca, que em um único mês aumentou o número de leitores pagantes em 25% graças a uma campanha direcionada.

Mas não vai ser fácil convencer os leitores a pagarem por notícias nem obter resultados no curto prazo, segundo Eduardo Suárez, pesquisador que produziu um dos quatro artigos que complementam o relatório do Reuters Institute.

“Modelos baseados na receita de leitores são bastante promissores para aqueles que fazem um jornalismo que compense pagar por ele contanto que estejam dispostos a mudar a maneira como encaram o editorial, o marketing e o produto”.

A expectativa geral quando o assunto é geração de receita com o jornalismo também não é das mais simples, na avaliação de Rasmus Kleis Nielsen, diretor do Reuters Institute.

“Eu espero que a receita da indústria de notícias global vai continuar em declínio por pelo menos mais uma década à medida em que produtos impressos antes rentáveis definham com a fuga de leitores, o sistema de broadcasting passa por disrupção e o crescimento no ambiente digital, por mais real que seja, na maioria dos casos não vai gerar o mesmo volume de receita ou de margens de lucro”.

Projeções completas para o jornalismo em 2020

O relatório completo pode ser lido aqui (em inglês). Além de tratar das perspectivas do negócio do jornalismo em si, ele aborda também a influência das plataformas no jornalismo, a resposta da profissão à pós-verdade, diversidade nas redações, a dificuldade de transformar podcasts em geradores de receita e o uso de inteligência artificial nas redações.

Crédito da imagem: Andrew Neel/Unsplash

Leia mais artigos e estudos sobre negócios do jornalismo na biblioteca do Negócio.Jor.