Você tem o DNA de um jornalista empreendedor?

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O jornalista puro é não só uma espécie em extinção como um perigo para o futuro do jornalismo. A profissão precisa de gente com habilidades jornalísticas, sim, mas também com habilidades comerciais, tecnológicas e de inovação.

Essa forte conclusão é da jornalista e professora colombiana Perla Toro, no capítulo de sua autoria em “Pistas para un periodismo emprendedor” (Pistas para um jornalismo empreendedor), estudo amplo sobre o jornalismo empreendedor na América Latina lançado neste mês e que reúne colaborações de vários outros profissionais que pensam sobre o novo estado da profissão.

O capítulo escrito por Perla Toro é especialmente didático e abrangente, com muitas reflexões e instruções preciosas para o jornalista que vive ou planeja viver de seu próprio empreendimento. É tão rico que vai ser explorado em mais detalhes na newsletter deste mês do Negócio.Jor (assine aqui!). Mas já antecipo um recorte pequeno do que ela escreveu, porém muito bem representativo do tom geral do texto. É o que ela chama de DNA do jornalista empreendedor.

O DNA do jornalista empreendedor

Em um infográfico bastante objetivo, Perla Toro agrupou 11 características que considera ser essenciais ao novo perfil de jornalista. A metáfora do DNA demonstra bem o quanto certos atributos precisam estar no âmago do jornalista, mas é importante dizer que, ao contrário do DNA de fato, estas não são características obrigatoriamente inatas; é mais que possível aprendê-las e desenvolvê-las.

E eu garanto isso por experiência própria, ao empreender meu próprio meio; hoje sou uma jornalista completamente diferente daquela de quatro anos atrás, quando decidi mudar de rumo.

Transcrevo abaixo em tradução livre os traços deste novo DNA que deve ter o jornalista empreendedor segundo Perla Toro e tomo a liberdade de agrupá-los em três segmentos comuns que identifiquei durante a leitura. É que as características listadas no texto exigem, basicamente, uma mudança de postura diante:

  • das práticas jornalísticas, que devem ser adaptadas e, em alguns casos, até reaprendidas
  • da audiência, que precisa ser vista de uma perspectiva horizontal e não a partir de um pedestal
  • do ato de empreender e/ou gerir um negócio, que exige uma mudança de mentalidade e de atitude acompanhada da libertação de certos preconceitos

Em relação à prática jornalística, o jornalista empreendedor…

1. Usa o faro jornalístico em novas narrativas

“Seu propósito central é a narrativa e sabe que agora pode fazê-lo em um tuíte, em 40 páginas, em um documentário de 30 minutos ou em um gif de cinco segundos. Considera outros verbos na hora de narrar, como entreter, participar, relacionar, servir, inspirar e educar.”

2. Colabora

“Sabe que não é o dono do pedaço e que a chave do bom jornalismo está na colaboração, não só com as audiências, como também com outros meios de comunicação. Abre sua mente para trabalhos multidisciplinares e para investigações com outros meios de comunicação.”

Diante da audiência, o jornalista empreendedor…

3. Sabe que tem dois ouvidos

“Por que temos dois ouvidos e só uma boca? Para escutar duas vezes mais do que se fala, diziam nossos avós. O jornalista empreendedor escuta as necessidades da sua audiência, se coloca no lugar dos outros e entende o jornalismo como um serviço para o seu público.”

4. Conversa e cria comunidade

“Gosta de falar, sem limitar-se a um único canal. Sabe que o diálogo e a conversa precisam de mais de uma pessoa para acontecer e, por isso, cria comunidade.”

5. Não é um ditador

“O jornalista empreendedor não é uma autoridade. Não dita o quê, quando e como as pessoas devem consumir a informação. Prefere responder a estar perguntas com a sua comunidade.”

6. Educa

“Ajuda a audiência a encontrar uma resposta, explica porque a informação é relevante e porque deveriam inteirar-se dela. Realiza um exercício de curadoria para entregar uma informação clara. Identifica-se com palavras como ‘organizador de comunidades’ sem sentir-se inferior aos seus demais colegas”

Em relação ao negócio, o jornalista empreendedor…

7. Vive em beta

“Sabe que tem que manter-se em constante evolução e deve inovar. É ciente de que não sabe de tudo e se preocupa em aprender, desaprender e reinventar-se todos os dias.”

8. Encara o negócio de frente

“Sabe que a publicidade tradicional fracassou. Conhece outras fontes de receita, se mantém atualizado sobre as tendências da nova economia; entende o mundo do marketing como um insumo para alcançar a sustentabilidade, encontra outras formas de negócio como os eventos, a venda de serviços e investigações. Não tem nojo de palavras como dinheiro, lucro, anunciantes e clientes.”

9. Equivoca-se

“Equivocar-se? Para o jornalista empreendedor esta é uma ação de aprendizagem. Toma os erros como parte da construção de seu modelo de negócios e não como um caminho para a frustração.”

10. É uma espécie ágil

“Adapta-se com facilidade às mudanças. É flexível e dinâmico. Sabe que deve atuar conforme as mudanças do seu entorno. Não entende o jornalismo como um ponto final.”

11. Segue sendo um jornalista

“Empreender é um caminho para fazer o jornalismo que sempre sonhou. Segue conservando a essência do jornalismo. Preocupa-se com a qualidade, com a busca das várias faces da verdade, entende a realidade como sua matéria prima.”

O Negócio.Jor tem soluções para jornalistas empreendedores. Conheça-as aqui.